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"A arte diz o indizível, exprime o inexprimível, traduz o intraduzível." Leonardo Da Vinci
sábado, 4 de janeiro de 2014
HUM, HUM, HUM (Espetáculo a partir de excertos d'A Cantora Careca de Eugène Ionesco)
22 de Novembro, no mesmo sítio, Zazou, apresentámos a peça indicada no título.
Mais uma vez, de ávida e pressionada preparação, conseguimos em 3 semanas fazer um espetáculo que estivesse bom, ao nosso gosto, ao gosto do público. O riso era contagiante, no ensaio desta peça. Era impossível não rir com as caretas, os gestos, os lapsos, deixas, buchas, fosse o que fosse dava para rir, pois tinha era absurdo, nada fazia sentido. Claro que fazia. Não por fazer rir que algo não tem sentido. A crítica, a mensagem estava lá e o humor também. E nós gostamos e somos bons a mexer com o humor, sem retirar a mensagem a transmitir.
O problema era encurtar a peça de maneira que fosse dentro do tempo estimado e que houvesse tempo para preparar tudo bem. Fosse pequena mas boa!
É uma peça que o público demora mais a entender, que nem tudo tem de ser preto no branco, que nem tudo é piada rápida, que nem sempre a mensagem está ali à vista, superficial e direta. No entanto, o público acabou por rir e por compreender, por gostar e achar curto.
O público não é burro, apenas não andam a exercitar muito o cérebro, mas burro não é.
Nesta obra procura-se fazer transparecer o absurdo da existência através da comédia. Existe muito mais “sentido” nas palavras “sem sentido” que estas personagens trocam: elas são a demonstração clara do profundo abismo que existe entre as pessoas, o distanciamento, as falhas de comunicação, a frieza nas relações humanas. Ionesco fala-nos de solidão, de mediocridade e do vazio da humanidade por meio de situações corriqueiras ridículas e banais. É num ambiente quotidiano de “um casal Inglês que habita uma casa Inglesa em Inglaterra” que tudo se desenrola – trata-se do encontro entre os Smith e os Martin. Entre conversas banais e com pouco sentido até palavras desarticuladas que se limitam a sons e um crescente clima de violência, a peça vai-se desenvolvendo. Com A Cantora Careca é uma peça de vivência obrigatória recheada de cenas memoráveis que obrigam o espectador a activar todos os mecanismos sensitivos para captar o sentido (ou não) que não exista (ou exista) em cada frase.
Uma peça para repetir, definitivamente!
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