sábado, 30 de novembro de 2013

Próxima Paragem...

Depois da primeira estreia do Grupo Freya, em Évora, o grupo foi mudando.
Em primeiro lugar, tinha ficado claro com os mimos e com os cupcakes que o grupo não iria passar apenas pelo teatro, não seria só mais um grupo de teatro.
Na verdade, nunca tivemos a intenção de fazer apenas teatro, todos tínhamos outras artes, outros gostos e experiências.

Por exemplo: a Eunice já tinha frequentado uma licenciatura em música, em flauta de bisel, andou anos no gregoriano, danças de salão e depois veio o teatro, mas não seria por isso que iria descurar das outras valência.
A Filipa já tinha estudado e praticado desenho e pintura e gostava (e sabia) dançar.
O Sérgio tinha um amor enorme ao fado e gostava de o cantar, assim como desde pequeno que escrevia e... porque não aproveitar isso?

Entre outros casos: Rui fazia B.D., a Sandra cantava, a Olena tocava piano, cada um praticava outras artes, então vamos incluí-las no grupo!
E assim foi.

 Três anos de faculdade, cada Verão era feira de S. João, mudava as peças, mudava a atuação dos mimos mas o gosto em continuar a fazer algo na rua estava lá.
Fomos actuando onde fomos chamados, às vezes eramos mais, outras vezes menos. Tínhamos membros que precisavam de se dedicar mais ao curso, deixaram de trabalhar tanto connosco, outros entravam.

Escolas, teatros, auditórios, rua, fosse Natal, Páscoa, Halloween, ou só porque sim, porque gostavam de nós, porque surgia a oportunidade, lá íamos actuar.

Não era uma correria, ou seja, não tínhamos espetáculos sem parar todos os dias, até porque tínhamos o curso, o grupo não tinha tempo e estabilidade para isso e, claro, por todas as condicionantes e obstáculos na cultura e arte no nosso país, ainda para mais Évora, muto pouco dinâmica, população maioritariamente idosa, um clima de inércia que ali se mantinha, digamos.

No último ano da faculdade tudo deu uma enorme volta e ninguém poderia supor que nada ia ser como dantes...

Favorecia-nos o facto de que o Pólo das Artes (excepto música) tinha aulas no mesmo sítio, todos vizinhos, mesmo havendo alguma distância psicológica entre os cursos. Por isso, resolvemos enviar um e-mail geral, dirigido a todos os alunos de artes, a pedir músicos, pintores, escultores, arquitectos, designers, toda a arte existente ali e até pessoas das letras.
Os músicos Ana Botelho, Margarida, Nelson e João

Com alguma aderência, dava para juntar todos e não ter de seleccionar e excluir ninguém, algo terrível de se fazer, quando todos são óptimos profissionalmente e humanamente .
Delineámos vários projectos para fazer, juntámos contactos e tentámos caminhar num caminho mais "sério", quer dizer, ensaios recorrentes, tentar ter sempre apresentações e ganhar mais dinheiro com o nosso esforço.
Foi difícil, terrível até, pelos mesmo motivos supra mencionados.

Há alunos que precisam de estudar mais, ou porque têm ritmos diferentes ou porque lhes é exigido mais estudo por parte de alguma cadeira e professor e há que respeitar. Évora não paga a artistas (o país quase todo, mas estávamos em Évora, não me posso referir a outros locais), Évora demora muito tempo para tratar de burocracias e nós somos também arrastados para o pessimismo e para a inércia. Energia atrai energia - lei da atracção. Um ambiente inerte durante muito tempo, não há dinamismo nem defesas que prevaleçam.
Houve projectos deixados para trás, houve projectos apresentados (ou pelos menos os artistas estavam lá para apresentar) e não havia público, houve colegas que desistiram (uma em especial que ainda hoje estamos para saber o que se passou), enfim, coisas normais de quem começa alguma coisa. Nada, nem ninguém é perfeito.

Houve muita coisa boa, muita aprendizagem, muito trabalho: sessões de poesia, teatro de revista, demos aulas de teatro, Halloween, madrigais, teatro, dança, performance, Carnaval, dinamizámos festas religiosas, trabalhamos com idosos, crianças, escolas Secundárias, Teatro Garcia de Rezende, com a Câmara Municipal, no Palácio D. Manuel, na Casa da Zorra, enfim, uma panóplia de locais e projectos que deram certo.

Tudo tem um tempo e um espaço para acontecer e tudo tem uma validade para durar.
Chegara o momento de mudarmos de vida, o grupo mudar de ares. Claro, esta mudança implicava deixar membros que ainda precisavam de ficar em Évora, mas outros partiram juntos. Os diretores Sérgio e Eunice partiram de Évora e até mais tarde vieram a encontrar colegas de Évora de outros cursos de artes, em Lisboa, prontos a colaborar com o Grupo.

Por outro lado, gostamos de pensar que o grupo separa-se, mas de quando em vez cruzamo-nos nos trilhos da vida como chegou a acontecer para trabalhar e conviver e, afinal, todos continuam Freya, o grupo prolifera, reproduz-se, dinamiza vários pontos do mundo (sim do mundo! saberão a seu tempo!) e todos, os que gostarem e quiserem são Freya. Sempre gostámos da ideia de comunidade, família, laços.

Antes de virmos para Lisboa, demos um saltinho até Paris... Mas será uma próxima conversa a termos convosco! ;)

Próxima paragem: Paris :D

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Mãos à Obra!

Decidimos começar com nada mais, nada menos do que William Shakespeare! Complicado? Impossível? Difícil? Provocador?  Má escolha? Desafiante? Boa pontaria? Bom, chega de interrogações retóricas. O autor é dos melhores, nutríamos e nutrimos um grande amor por ele e resolvemos avançar pouco a pouco, pois não havia prazos de apresentação.

A peça escolhida foi a comédia The taming of the shrew - A fera amansada.

Filipas, Rui, Sérgio, Sandra, a tentar amansar a fera
Em Évora foi fácil arranjar um local para ensaiar, gratuitamente e gentilmente. Por ter o Sérgio feito teatro amador na Sociedade Recreativa e Dramática Eborense, o contacto estava criado e as portas abertas.

Lemos e relemos, relemos e lemos, jogávamos com a cena, inventávamos infinitas maneiras de abordar o tema. Apesar de passado um ano começarmos a ouvir e a ver esta ideia muito usada, o conceito de Cabaret foi divertido de encenar e brincar com ele e não tínhamos ainda visto ninguém colocá-la da maneira que estávamos a colocar. Isto sem querer afirmar que a ideia era original e nova, nada disso, e tínhamos perfeita noção que alguém, em alguma parte do mundo já a tinha feito. Mesmo assim avançámos.

Neste começo ainda não tínhamos a visão global de ganhar já dinheiro, de como vender um projecto e outras tantas coisas que no mercado de trabalho é preciso ter em conta. Apenas disfrutámos dos ensaios, das reuniões, do rir e jogar em cena.
Sérgio, Vivi, Olena, Rui - a fera que ficou por amansar

Todavia, estamos a findar Maio e quase com um pé em Junho, que calor em Évora! Já se sente a subida de temperatura. É costume, todos os anos, realizar-se a Feira de S. João em Évora. 
Uma boa oportunidade surgiu para mostrar o grupo e o nosso trabalho, ou vontade em o ter, e de longe A fera amansada estava amansada!

Tratámos de tudo para participar na feira e que nos foi pedido, além de num dia específico fazermos uma peça de teatro, foi para fazermos de mimos pelo recinto da feira, incentivando o público a dirigir-se ao espaço jovem, um espaço destinado às produções artísticas e culturais dos jovens da cidade.

Aceitámos o desafio. Tal como foi escrito no primeiro post, a tendência deste grupo, desde início, sempre foi a de aceitar os desafios propostos e equilibrar a vontade do desafiador com a nossa vontade.

A juntar à nossa momice feirante, resolvemos cozinhar deliciosos e lindos cupcakes e vendê-los na feira, enquanto mimos. Ideia que fez um sucesso enorme. Éramos já 10 na altura e vendíamos cupcakes de tarde e de noite até ao acabar da feira desse dia. E de madrugada ou de manhã fazíamos mais e mais e mais.
Era uma animação mimar a feira e colocar em prática a área da confeitaria. Já nem nos lembramos o porquê dos cupcakes...

Escusado será dizer que A fera amansada ficou por amansar, não havia tempo para trabalhar bem na peça e não valia a pena fazer algo à pressa e correr o risco de sair mal.
Resolução: Cada um andava a trabalhar monólogos e diálogos nas aulas de voz da faculdade e resolvemos levar alguns


para apresentar na feira. Correu tudo bem, como sempre corre. O que foi um pouco mau é amenizado pelo que foi um pouco melhor e tudo equilibra.

O jogo cénico
Com muita pena nossa, não voltou a surgir a oportunidade de voltar à fera nem ao Shakespeare. Mas... ele está à nossa espera, sabemos disso, não fugirá de nós se tivermos de o fazer através do grupo.

Esta foi a primeira apresentação do Grupo Freya ao público, algo que nos deu muito prazer a fazer ao longo de dez dias e que deu muitos frutos: laços de amizades mais aprofundados entre os colegas e o público, divulgação, experiência, cansaço, divertimento, dinheiro, não podíamos ter sido melhor introduzidos em Évora.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

E começámos a definirmo-nos...

Deusa Freya
Estando os 8 membros juntos, havia coisas a decidir: nome do grupo, que tipo de estrutura seria a nossa, quem ficava responsável pelo quê. E nunca esquecendo que frequentávamos a universidade ainda.

Pesquisámos e informámo-nos sobre tudo o que deveríamos saber... sabíamos já que o estatuto de associação encaixaria em nós, mas também não era tão importante assim nos primeiros tempos e em Évora, cidade pequena, íntima, onde para apresentar e ser-se conhecido não é necessário a priori ter um estatuto oficial. Grupo ficou.
Apenas em Lisboa é que houve a necessidade de falar do nosso grupo e de o oficializar como Associação, associação de arte e cultura, por considerarmos todo o leque de actividades que fazemos, do teatro à confeitaria, da música, às terapias alternativas, da dança à poesia, como pertencentes à nossa arte, à nossa cultura.

Que nome? Neste grupo estava presente o gosto pelo teatro, música e pelo alternativa e metafísico. Claro que todos tínhamos e temos muitos mais gostos e pela arte em geral, no entanto estas três áreas eram recorrentes no nosso dia-a-dia.
Ora, foi exactamente o metafísico, melhor falando, a mitologia que nos safou! Depois de uma manhã, tarde, noite e madrugada a pensar, inventar e pesquisar, demos de caras com um livro de mitologia e runologia nórdica do Sérgio e por acaso, ou não, encontramos a Deusa Freya.

Quem é Freya? Freya é a Deusa nórdica regente da arte, do amor, do sexo, da guerra, da feminilidade, da fertilidade, da magia, da vida, da morte, da sedução e do erotismo. Viaja entre mundos com a capacidade de se metamorfosear.
Condutora das Valquírias, dava a inspiração a artistas e dignificava-os. Personificação das forças da natureza, era considerada a mais brilhante e gloriosa das deusas. Representa e traz a prosperidade e bem-estar a quem a venera. É a senhora da magia, das profecias, da necromancia e da adivinhação.

Claro, surge aqui também um pensamento, que pode ser visto como feminista ou apenas humano e natural, de que há a força da mulher para criar e gerar, a sensibilidade desta, a instabilidade (por vezes) emocional e hormonal, ligada às marés e à lua, tal como a veia do artista que tem picos de euforia e de depressão. E, sendo assim, teríamos uma figura feminina, no logo do nosso grupo, a representá-lo.

Por fim, Freya costuma ser representada a voar, na sua carruagem, conduzida por gato, símbolo de carinho, sensualidade e fertilidade. Diz a lenda que por a ter servido tão bem, os gatos, passados 7 anos, foram transformados em bruxas, que podiam sem gatos pretos sempre que quisessem.

Por todo este mundo tão mítico, tão artístico, tão teatralmente rico em ideias e por possuirmos todas as palavras destinadas a Freya no nosso íntimo e do nosso interesse, assim ficámos como Grupo Freya!

Deusa Freya a ser conduzida pelos seus gatos




quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Como tudo começou...

Certa tarde, numa fila infindável, de um pequeno Pingo Doce em Évora, Sérgio das Neves e Eunice da Silva, dois alunos da Licenciatura em teatro esperavam comprar o seu jantar.
Esse jantar, por mera curiosidade, seria tudo, tudo, menos carne, Eunice da Silva ja nessa altura percorria os caminhos não carniceiros da vida e Sérgio das Neves, pouco ligando a carnes, acompanhava-a.
"Viagem pelo amor" - Ricardo, Salomé, Sérgio

Maio de 2011, há 8 meses que se conheciam e que tinham criado laços de amizade profundos, laços fraternos. Tanto no trabalho como na vida pessoal, faziam uma boa dupla.

"E mais um copinho" - Eunice, Sérgio, André, Miguel
Nessa interminável bicha, Sérgio, pensador nato, calculista  sem fim, indagador de meios de sobrevivência e vivência, introduz na Eunice a ideia de criar um grupo de teatro, algo deles e que para eles fizesse sentido, de acordo com os seus gostos e experiências. Não obstante do amor à arte e cultura, a ideia era mesmo viver disso, ganhar dinheiro, enfrentar os problemas das crises colocadas pelo século XXI, criar o seu próprio emprego. Algo desafiador, não só pela parte do criar algo, mas também pela área em questão.

Eunice, uma entusiasta das ideias, um poço de emoção e sensibilidade, uma inteligência rara, anuiu, assentiu, concordou, aceitou, gostou, amou e ainda foi mais longe! Aquele jantar, aquela fila já nada significava depois da chama ateada!
"E mais um copinho" - Sérgio, Lígia, Miguel, Eunice.

Vai de sair daquele cansativo Pingo Doce, correr para casa e pensar em tudo. Em tudo e em todos, teatro como gostamos é com mais de dois!

E assim começou, nasceu, rebentou o Grupo Freya. Entre amigos íntimos, colaboradores especiais, sintonização de gostos por determinado modo de trabalhar, agruparam-se inicialmente 8 pessoas para cogitarem que peça começar a fazer, onde apresentar, como se procede e processa tudo neste ofício.

Eunice - Dia da Criança
Depressa percebemos que não íamos poder escolher sempre o que queríamos fazer, mas sim responder sempre positivamente aos convites e desafios para os mais diversos projectos, nas mais variadas estruturas.

Hoje em dia, continuamos a equilibrar o que querem que a gente faça e o queremos fazer.
Mimos: Suzana, Francisco et Raimon
Quantos somos? Já não sabemos... Fixos, móveis, passageiros que foram para outros destinos, gostamos de pensar em nós como uma comunidade, uma família, onde se estabelcem laços, mas a obrigatoriedade em permanecer na nossa casa, sob a nossa alçada é nula. 

"Noite de terror" - Sérgio, Eunice, Zé Bolachas
Nascidos em Évora, enquanto grupo, curta estadia em Paris, residimos em Lisboa. Trabalhamos onde o vento nos leva a trabalhar...

Fiat Lux! E assim se fez luz e assim se fez o Grupo Freya, e assim se fez, passados dois anos e meio, este blog e este post.

Vamos escrevendo aqui a nossa infância, enquanto grupo, até a esta fase de vida, seja ela qual for, que não carece de rótulos.

Eunice, Luís, Teresa, Sérgio, antes da peça "Hum, Hum, Hum"
Esperemos que gostem, que nos acompanhem, que se divirtam e que nos conheçam e criem laços connosco!
Rodrigo, Sofia, Eunice, Sérgio, Ligia, no fim de "Poesia Natural"


Haloween 2012 - Ana Cta




Halloween 2012 - DJ Fred
                       QUE SUSTO!!


Halloween 2012 - Eunice, Vivi
Halloween 2012 - Ana, Sofia, Margarida
Homens-estátuas - Eunice, Vivi